terça-feira, 4 de setembro de 2007

Mais a Fundo - Dynamo de Kiev

Saudações. Na sequencia do artigo do Joao Brites acerca dos adversários do Sporting na Champions League, resolvi aprofundar um pouco a análise a um dos clubes. Seria relativamente fácil fazê-lo em relação ao Man.Utd ou à AS Roma...mas não. Eu resolvi "estudar" o Dinamo Kiev.



Palmarés

O FC Dynamo de Kiev, foi fundado em 1927, sendo que por isso celebra o seu 80º aniversário neste ano de 2007. Foi o primeiro clube da ex-União Soviética a vencer uma taça internacional, quando em 1975, a equipa liderada por Lobanovsky bateu os Húngaros do Ferencvaros na final da extinta Taça das Taças!

Taça das Taças - 1975 e 1986
Supertaça Europeia - 1976
1ª Liga Ucraniana - 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2007
Taça da Ucrânia - 1993, 1996, 1998, 1999, 2000, 2003, 2005, 2006
Supertaça da Ucrânia - 2004
Campeonato da ex-União Soviética -
1961, 1966, 1967, 1968, 1971, 1974, 1975, 1977, 1980, 1981, 1985, 1986, 1990.
Taça da ex-União Soviética - 1954, 1964, 1966, 1974, 1978, 1982, 1985, 1987, 1990.
Supertaça da ex- União Soviética - 1980, 1985, 1986.




Figuras

É um clube marcado por diversas figuras do passado como Jozséf Szábo, Igor Belanov, Anatoliy Byshovets (ex treinador do Marítimo) ou Oleg Protasov. Muitos internacionais russos como Viktor Onopko, Oleg Salenko, Sergei Yuran ou Andrei Kanchelskis, também passaram pelo Dynamo. Para além destes jogadores existem 4 que são considerados autênticos deuses para os fãs do Dínamo.

Os "4 Deuses"

1º Valery Lobanovsky



De todas as figuras do Dínamo, convém salientar Valery Vasilyevich Lobanovsky (que aliás empresta o nome ao Estádio do Dynamo). Nascido a 6 de Janeiro de 1939, em Kiev, era um “génio da bola” que se tornou um notável treinador, pela ciência do seu treino aplicada à rígida disciplina soviética. Enquanto jogador era um excelente extremo esquerdo, que actuou no Dinamo, Chernomorets e no Shaktar. Deixou de jogar apenas com 29 anos, quando contava a marca de 71 golos em 253 jogos oficiais. Actuou em duas Olimpíadas pela União Soviética.

Mal deixou de jogar, Lobanovsky assumiu o controlo técnico do Dnipro Dnipropetrovsk. Manteve-se por lá até 1973, quando um convite do clube do coração o fez regressar a Kiev. Entre 1974 e 1990 Lobanovsky foi técnico principal do Dynamo, sendo que esteve presente como seleccionador nacional da URSS nos Europeus de 1976, 1982, 1988 e no mundial de 90.
Em seguida teve uma espécie de exílio dourado, dado que esteve ao serviço dos Emirados Árabes Unidos entre 90 e 93, sendo que depois assumiu os destinos do Koweit .
O regresso ao Dynamo aconteceu em 97, e por lá ficou até à sua morte em 2002. Entre 2000 e 2001 ainda deu uma “mãozinha” na selecção Ucraniana.

Lobanovsky sofreu um AVC no dia 7 de Maio de 2002, pouco tempo depois duma vitória do Dynamo contra o FC Mettalurg. Faleceu no dia 13 devido a complicações derivadas de uma operação ao cérebro. A UEFA respeitou um minuto de silêncio em sua honra. A Ucrânia concedeu-lhe a maior honra de estado, ao nomea-lo a título póstume, Herói da Ucrânia. O Dynamo rebaptizou o estádio com o seu nome e fez-lhe um Busto. Em 2003, o Milan venceu a Champions League. Andriy Shevchenko apanhou o 1ºavião para a Ucrânia e deixou a sua medalha de campeão na campa do antigo mentor.

O famoso busto de Lobanovsky, no estádio do Dynamo

2º Andriy Shevchenko



Andriy Shevchenko, nasceu em Dvirkishvschina (Kiev) a 29 de Setembro de 1976. Foi o aríete da fantástica equipa do Dynamo na 2a metade da década de 90, e que fez furor na Champions League. Ao serviço do Dynamo, e sob o comando de Lobanovsky, “Sheva” venceu 5 títulos consecutivos (entre 94 e 99), sendo que apontou 60 golos em 117 jogos.



O resto da história é sobejamente conhecida. Transferência para o gigante Milan (que lutou com o Real pelo concurso do artilheiro), onde apontou 127 golos em 208 jogos. A sua saída de Itália foi envolta em polémica, dado que os “tiffosi” culpabilizaram a mulher de Sheva pelo sucedido. Apesar da enorme verba em dinheiro, os tiffosi não estavam convencidos, e foi sob um coro de ameaças e cânticos insultuosos, que Shevchenko abandonou o Milan. Nessa conferencia de imprensa, os adeptos entoaram cânticos do tipo “Vamos matar a p…da tua mulher…” , “és um vendido”…coisas a que também por cá estamos habituados. No Chelsea, Shevchenko não em sido muito feliz. Primeiro pela relação de proximidade com o presidente Abramovich. Depois porque existe grande desconfiança nos balneários (chegou a ser apelidado de 007 pelo facto de ir contar tudo que se passava no balneário a Abramovich, algo que se apressaram a desmentir. Seja como for, a classe e categoria de Shevchenko é inegável. É o capitão da selecção ucraniana e a imagem de marca do país. Ao serviço da “amarela” Shevchenko apontou 33 golos em 74 jogos.

Tem tanta importância no país que fizeram um selo em sua homenagem.Em 2004 venceu o prémio de European Footballer of the Year, e foi nomeado por Pélé um dos melhores 125 jogadores de sempre.



Selo comemorativo de Shevchenko.

3º Oleg Blokhin



Eis um nome incontornável do futebol ucraniano. Oleg Blokhin nasceu a 5 de Novembro de 1952 em Kiev e foi um virtuoso ponta de lança que espalhou terror nos campos onde jogou. Ao serviço do Dynamo apontou 211 golos em 433 jogos, entre 1969 e 1988. Nesse período venceu 8 títulos de campeão soviético (ainda não tinha sido a divisão). Eterno capitão de equipa, Oleg liderou o Dynamo nas 2 vitórias da Taça das Taças em 1975 e em 1986.

É um recordista na Selecção Soviética, a nível de jogos e golos, dado que apontou 42 golos em 112 jogos! Foi nomeado European Footballer of the Year em 1975. Actuou nos mundiais de 82 e 86, tendo apontado 1 golo em cada um deles. Foi um dos primeiros jogadores soviéticos a poder emigrar (o antigo regime dificilmente o permitia) e actuou entre 88 e 89 no Vorwarts Steyr da Áustria. Acabou a carreira na época seguinte no Chipre, ao serviço do Aris Limassol (actual clube de Paulo Costa).

Como treinador iniciou funções no Olympiakos da Grécia, entre 1990 e 93. Depois ainda passou por PAOK (actual clube de Fernando Santos), Ionikos (em 2 ocasiões diferentes) e AEK. Em 2003 assumiu as rédeas da Selecção Nacional Ucraniana, conseguindo o fantástico apuramento para o Mundial de 2006, onde foram eliminados pela selecção que se sagraria campeã do mundo, a Itália.

A nível político, Blokhin foi eleito para a Verkhoyna Rada (parlamento Ucraniano) em 2002. Blokhin faz parte do Partido Unido Social Democrata da Ucrânia. Oleg foi noticia por defender um número mais elevado de jogadores ucranianos na sua liga, dado que existiam demasiados estrangeiros. As suas palavras duras foram encaradas a nível internacional como xenofobia e racismo. As palavras de Blokhin foram mais ou menos estas: “ Quanto mais Ucranianos jogarem na liga Ucraniana melhor. Dão um melhor exemplo às gerações futuras. Aos futuros Shevchenkos ou Blokhins. Actualmente contratam-se 2 Zumba-Bumba´s , paga-se lhes 2 bananas e pronto…já são jogadores na liga Ucraniana…Ainda me lembro quando jogava…se perdíamos nem podíamos andar na rua. Havia sempre 2 ou 3 amigos que nos queriam bater por causa da derrota. Mas que sentido faz bater em estrangeiros…? Eles pegam na trouxa e vão se embora…”
Decidam vocês se isto é ou é (não é gralha…é uma situação de sim ou sim) racismo!


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4ºAlexey Mikhailichenko



Era um médio fantástico. Tecnicista, goleador e cerebral. Alexey Mikhailichenko abriu caminho na Europa para outros médios soviéticos que o precederam. Alexey consegui ser campeão 3 vezes seguidas em 3 clubes diferentes de 3 países diferentes. Foi campeao em 1990 pelo Dynamo, em 1991 pela Sampdória e em 1992 pelo Glasgow Rangers. Curiosamente foram estes os 3 únicos clubes da sua carreira. Foi considerado o melhor futebolista ucraniano em 1987 e 1988, sendo que em 1988 também venceu o prémio de "jogador do ano" soviético.



Pela selecção soviética actuou 44 vezes sendo que apontou 9 golos. Ainda foi a tempo de actuar 2 vezes pela Ucrânia. Venceu em 1988 a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Seul, e participou nos Euros-88 e 92 , aqui a representar a CEI (comunidade de estados independentes) ou CIS (Comunity of the Independents Soviets), mas falhou o mundial de 90 devido a lesão.

Como treinador começou como adjunto de Lobanovsky no Dynamo. Com a morte deste, assumiu o lugar durante 2 anos. É desde 2004 o selecionador nacional dos sub21 ucranianos!

Final dos anos 90


Nesta altura o Dynamo tinha uma equipa demolidora. Como prova disso são os 5 titulos ucranianos consecutivos. Mas foi na Europa que o Dynamo deu cartas. Dessa equipa ainda restam Shovkovsky, Vaschuck, Belkevich e Rebrov. Dessa equipa faziam ainda parte o Bielorusso Khatskhevich, o georgiano Khaladze, e os internacionais ucranianos Shevchenko, Husin, Holovko, Luhzny (que chegou a ser apresentado no Estádio da Luz...para depois ir parar ao Arsenal), Kosovsky, Kallitvintsev e Maximov, entre outros!



O agora capitão Rebrov é um dos "sobreviventes" dessa época.

Actualidade

Actual Plantel

Guarda-Redes
1-Oleksandr Shovkovsky(UCRÂNIA)
21 -Taras Lutsenko (UCRÂNIA)
55 -Oleksandr Rybka (UCRÂNIA)

Defesas
3 -Pape Diakhaté (SENEGAL)
20 - Oleg Husyev (UCRÂNIA)

26 -Andriy Nemaschniy(UCRÂNIA)
27 -Vladyslav Vashcuk(UCRÂNIA)
29 -Vitaly Mandzyuk(UCRÂNIA)
30 -Badr El Kaddouri(MARROCOS)
32 - Goran Gavrancic(SÉRVIA)
44 - Rodrigo Costa (BRASIL)
81 -Marjan Markovic (SÉRVIA)

Meio - Campo
4 - Thiberiu Ghioane (ROMÉNIA)
7 - Carlos Corrêa (BRASIL)
8 - Valentin Belkevich (BIELORÚSSIA)
11 - Michael da Silva (BRASIL)
14 - Ruslan Rotan (UCRÂNIA)
15 - Diogo Rincón (BRASIL)
17 - Taras Mikhalik (UCRÂNIA)
36 - Milos Ninkovic (SÉRVIA)
37 - Ayila Yussuf (NIGÉRIA)

Avançados
5 - Sergey Rebrov (UCRÂNIA)
9 - Kléber Freitas (BRASIL)

10 - Ismael Bangoura (GUINÉ-CONAKRI)
16 - Maksim Shatskih (UZEBEQUISTÃO)
18 - Balázs Farkas (HUNGRIA)
23 - Tomislav Busic (CROÁCIA)
25 - Artem Milesvsky (UCRÂNIA)
88 - Oleksandr Aliev (UCRÂNIA)

Equipa Habitual 4-3-1-2

Baliza


Aqui não restam dúvidas. A baliza está entregue ao habitual titular da selecção Ucraniana Oleksandr Shovkovski. Está no clube desde 1993 e já conta 538 (!) jogos oficiais. Pela selecção (onde se estreou em 1994) conta já 79 partidas. Sintomático! Todo ele é sinónimo de frieza e qualidade entre os postes. Normalmente apontam-lhe o jogo de pés como a maior debilidade.

Defesa
Nas laterais encontramos os habituais titulares da selecção Ucraniana
Nemaschny (à esquerda) e Husyev (à direita). No meio estarão Gavrancic (Sérvio) e Rodrigo Costa (Brasileiro). Mas a polivalência impera na defesa do Dynamo. É vulgar vermos Husyev a jogar no meio campo, Gavrancic como defesa direito e Nemaschny como Central. Isso normalmente abra caminho à titularidade para Vaschuck, que pode actuar em qualquer posição da defesa!

Husyev pode jogar na lateral ou como extremo, sempre a grande velocidade pela direita!

Meio-Campo
A lesão do internacional Ucraniano Rotan abriu caminho à titularidade do experiente Bielorusso Belkevich (ou do jovem nigeriano Yussuf), que se junta à dupla habitual de meio campo, o brasileiro Carlos Corrêa e o romeno Thiberiu Ghioane (com Michael à espreita) que jogam nas costas da estrela da equipa, o médio ofensivo / goleador brasileiro, Diogo Rincon…


Perigo à vista...Diogo Rincon é o craque da equipa.

Ataque
Municiados pelo perigosíssimo brasileiro Rincón, estão normalmente os rapidíssimos Kléber (Brasil) e Bangoura (Guine-Conakri) que relegaram p/o banco os goleadores Rebrov (capitão), Shatskikh ou Milevsky.



O explosivo canhoto Kléber, é um perigo constante!

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