sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O chamado “voto de confiança” não envenenado ou o “benefício da dúvida” bem-intencionado

É verdade que, quando se dão votos de confiança, algo está mal à partida – não é, nesta fase, este o caso, mas não nos vamos deter, por agora, nesse raciocínio.

Também não é menos verdade que, ao darmos o benefício da dúvida a alguém ou a algum projecto, também existe “alguma coisa” inquinada logo à partida – não é também, nesta fase, este o caso. Mas é sobre este raciocínio que me quero deter:

Confiando à partida, e por uma questão de principio, no trabalho que os profissionais do Sporting fizeram na preparação desta temporada, futebolisticamente falando, quer-me parecer que foi desenhado, dentro das possibilidades financeiras de um clube que tem um passivo “grandito”, um plantel que oferece, no mínimo, garantias de equilíbrio, com alguma qualidade à mistura. Até ver, e assim “olhando” na diagonal, a coisa até parece ter-se efectivado com alguma eficiência.

(Convém definir um ponto prévio: sou anti-chauvinista, anti-racista, anti-intolerância básica e primária, etc., por isso considero-me à vontade para escrever o que vou escrever sem ser mal interpretado – espero!)

Não posso, no entanto, deixar de mostrar alguma preocupação, quando de repente, vejo saírem do plantem principal (já nem falo dos emprestados “crónicos”) 6 jogadores portugueses e, “pior que isso”, serem substituídos “apenas” por jogadores estrangeiros. Vou inclusivamente esquecer-me do facto de 3 destes nomes, que se foram embora, terem sido titulares e regulares, durante quase toda a época transacta.

Este raciocínio não me abandona, mesmo tendo eu a sensibilidade para duas questões essenciais, que são; o facto de alguns mercados estrangeiros estarem menos inflacionados que o português, e o jogador português estar, por conseguinte, bastante caro; o facto de neste mundo globalizado estas questões de “mobilidade” tenderem a ser cada vez mais normais e “sem importância” (negativa) – embora também se possa analisar esta questão na perspectiva das economias dos vários países bem como das leis de emigração (ficará para outro contexto esta vertente). Preocupa-me no entanto e apesar disto tudo que, um balneário com este mapa mundial desenhado não seja tão eficaz em termos de grupo como o fora no ano passado – uma das mais-valias do Sporting versão 2005/2006 na minha opinião.

Poder-me-ão dizer – olhe-se para os exemplos do Chelsea e do Real Madrid, - pois é, é verdade que o mapa é ainda muito mais “disperso” e distendido geograficamente, mas por muito que ganhem (dessa maneira), acho que é um principio que não me agrada de todo – e não só pela tão falada questão das selecções nacionais.

Ultrapassada a nota sobre o balneário, acho que uma equipa de um verdadeiro Sporting – que é o que se pretende, deverá ter sempre uma “estrutura/espinha dorsal” (ena, há quanto tempo não ouvia/lia esta) de portugueses, se possível, jogadores internacionais (existe qualidade para isso), mesmo que venham das “camadas inferiores”, e depois, aí sim, irem buscar-se jogadores ao mercado estrangeiro, com valor acima da média, em termos qualitativos (nunca “por atacado”, só porque vêm a custo zero*) que preencham, aqui e ali, lacunas e lugares no plantel, e tragam uma evidente mais-valia ao plantel enquanto jogadores com a sua vertente individual (técnica e experiência) e colectiva (táctica e espírito de grupo), e enquanto homens (esta também fica bem).

Aqui fica por conseguinte o meu benefício da dúvida (de inicio de época) muito bem-intencionado, pois espero, efectivamente, que corra tudo muito bem. Sinceramente!

*Este, também me parece um bom tema; esta coisa do custo ZERO “tem muito que se lhe diga”.

Notas Finais (and now, for something completely different):

Felicidades para este blog e para o (s) seu (s) autor (es); podem contar com este amigo, humilde autor destas linhas, sempre que desejarem e assim for possível.

Felicidades para este Sporting; podem contar com este associado, que considera as críticas, tendencialmente imparciais, e a pressão (positivas) como uma boa fonte de evolução e melhoria constantes em todas as vertentes e circunstancias da nossa vida – porque haveria o futebol e o desporto de serem diferentes?!

Só mais uma dica – o clube deveria virar-se um pouco mais para os seus associados, pois só assim se fortalece uma instituição. Por muito que as pessoas que lá estão tenham sido votadas (ou não) por nós, ou seja, apesar de ocuparem funções e cargos perfeitamente legítimos, também é certo que a chamada “sociedade civil” tem quase sempre alguma coisa de útil a dizer – e deveria ser ouvida e levada a sério mais vezes.

Saudações leoninas, mas acima de tudo desportivas,

Afiando Garras

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