sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Maxi Lopez e a moralização das finanças de um país

Agora que muito se fala, no meio (do) “futebolês“, acerca da recente “alteração” que implica que, os futebolistas (os mais bem pagos – diga-se) tenham que descontar uma percentagem elevada de impostos (IRS) sobre o seu salário, é talvez oportuno desabafar um bocado (deixando no ar algumas questões) sobre esta temática - sem qualquer tipo de pretensão e até rigor técnico.

Se a todos nos parece complicada esta situação, pois, diz-se que os "melhores" jogadores nunca terão hipóteses de vir para o campeonato português, porque os clubes não têm condições de lhes pagar os ordenados líquidos que eles pretendem, por via dos impostos serem muito altos, também é certo que, no que diz respeito às empresas e até ao cidadão/contribuinte individual, a realidade é muito idêntica, e não é por isso que deixaram de conseguir concorrer com realidades externas, e até, com recentes bons resultados.

Continuamos a ouvir nas variadas tertúlias do futebol, que, - assim nunca vamos ter hipóteses de ter uma concorrência leal no que diz respeito às provas internacionais. Bom, isto parece-me em parte verdade, mas;

-Porquê sempre o futebol a queixar-se? Uns concordam, outros não, o que é certo é que, irracionalidades clubistas à parte, alguma coisa teria que ser feita, pois “ou comem todos ou há moralidade”, - diz a “vox pop”.

-Porquê privilegiar um segmento da sociedade enquanto se continuam a exigir sacrifícios a outros? Bem sei que se falam das mais-valias e da riqueza que o fenómeno/”espectáculo” futebolístico gera, pois bem, estão e outros sectores económicos da nossa sociedade também não geram? Um bom gestor de um hotel, que ganhe muito bem, também deverá ficar de fora deste pacote? Não nos esqueçamos que o Turismo é gerador de uma grande fatia da riqueza deste país. - Em que é que ficamos?

Uma coisa em que eu acredito, é, tendencialmente, os países da união europeia, já que tem muitas responsabilidades em comum, irem tentando aproximar as suas tributações, na medida do possível, para que todo o “jogo” seja muito mais “limpo”.

Imposto inferior ou superior em alguns países concorrentes ao nosso?! Irá sempre acontecer assim?! Haverá algum dia respostas “comuns”?! Não vamos para já saber, e enquanto não sabemos?!

Acredito que (um dia) seremos cada vez mais competitivos, pois temos que ter a capacidade de gerar um “produto” diferenciado dos demais, e, já que não temos outra alternativa, investir cada vez mais na qualidade da nossa mão-de-obra, que, enquanto não sentir necessidade de emigrar, ficará cá e marcará a diferença. Esta arquitectura é obviamente aplicável em todos os sectores da nossa dinâmica económica, mas em especial relevo para o assunto que nos trás aqui, o futebol. Não conheço outra receita para os países pobres que não têm riquezas naturais.

Apesar do Purovic, a Academia Sporting/Puma é uma resposta que começou a ser pensada há já muitos anos, para este tipo de questões que, mais tarde ou mais cedo, a globalização iria trazer. Felizmente, parece que estamos no bom caminho. Pelo menos parece…

Chega de queixas e vamos ser competitivos, com a força do nosso trabalho, com a nossa inteligência, com as nossas competências, formação e saber, contando ainda com o orgulho (de preferência não exacerbado) em sermos um povo lutador – bem sei que isto parece lirismo, e que temos é que ter dinheiro ao final do mês para pagar os melões, mas…as coisas vão-se compondo, até porque o dinheiro não é tudo nesta vida – entretanto aqui entrava a história do país calmo, equilibrado, estável, à beira-mar plantado, blá blá blá.

Nota Final: Boa sorte Purovic (na falta da “prata da casa”), espero que faças esquecer o mercantilismo (puro e duro) que se apoderou da nossa sociedade (também a desportiva).

Saudações leoninas, mas acima de tudo desportivas,

Afiando Garras

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