Continuando (após um longo interregno) a escalpelizar o "Projecto Roquette", falemos agora da "frente patrimonial", a qual, segundo o site oficial do Sporting, seria «capaz de proporcionar a transformação de bens inertes em estruturas desportivas e multifuncionais rentáveis».
Com efeito, numa das muitas assembleias gerais efectuadas quando assumiu a presidência do clube, retive a seguinte frase de José Roquette que citarei de cor e, por isso, não será certamente ipsis verbis: «o Sporting não pode ficar dependente da bola que vai ao poste».
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Com isto, José Roquette queria dizer que o Sporting não poderia ficar dependente da imprevisibilidade dos resultados desportivos, devendo, outrossim, alicerçar-se no investimento patrimonial a fazer, consubstanciado em dois pilares fundamentais: o «centro de estágio» e o novo estádio, sendo a prioridade de construção direccionada para o primeiro, para que o segundo se pudesse erguer no local onde se situavam os campos de treinos da altura.
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Nesta linha de pensamento, em 2 de Junho de 1997, teve lugar a assembleia geral de apresentação do projecto designado por «Cidade Desportiva».
Primeiro número avançado como custo (segundo o projecto da Ballast Needam): 13 milhões de contos. Quanto ao centro de estágio (aqui ainda projectado como tendo um estádio com pista de atletismo e situado em Lisboa, Loures ou Oeiras) o único ponto negativo que encontro foi o maior distanciamento causado entre os sócios e o plantel profissional e o futebol jovem do clube, em virtude da distância a que se encontra a Academia e ao facto do Sporting nada fazer para “encurtar” essa distância. Porque está umbilicalmente ligado à política desportiva do clube, voltarei a falar da Academia mais tarde.
Cerca de dois depois, a 13/05/1999, já com o Euro 2004 no horizonte que motivou um reajustamento ao número de lugares previsto para o estádio, com o acréscimo dos mesmos e a consequente diminuição do espaço que estaria reservado ao pavilhão, uma nova assembleia serviu para apresentar o «Projecto Imobiliário do Sporting para o Séc. XXI» da responsabilidade da CPU Consultores.
21 de Outubro do mesmo ano, o novo estádio foi apresentado na Câmara Municipal de Lisboa, com o referido vice-presidente numa «dupla função» de dirigente do Sporting e da empresa responsável pelo projecto.
O «Parque Sporting» prometido para funcionar 24 horas por dias, 7 dias por semana, 365 dias por ano e que iria “virar do avesso” “aquela zona do Lumiar” foi um rotundo fiasco.
Fracassou a vertente comercial (Alvaláxia, cujo flop foi evidente desde o primeiro dia), a vertente imobiliária (Edifício-Sede, Holmes Place e Clínica CUF) cuja realidade não acompanhou a do projecto apresentado nesta brochura.
Toda esta situação, culminou da forma como sabemos, com o actual presidente a fazer “das tripas coração” para vender o “património não desportivo” a um grupo “obscuro”, com intermediação de uma pessoa não menos “obscura”, sob o pretexto que o Sporting se encontra(va) “refém” dos juros altíssimos e que o «core business» do Sporting era o futebol, apesar de, no início, José Roquette afirmar que o clube não deveria estar dependente da bola que vai ao poste…
Da notícia desta apresentação do projecto na CML no Jornal A Bola do dia seguinte, destaco as declarações de José Roquette quanto ao endividamento do clube para a construção do estádio e as previsões do arquitecto responsável que se mostraram as mais acertadas de todas, com excepção de que teríamos de mudar de relvado…
Quanto aos terrenos onde antes se erguia o antigo estádio, só para o próximo ano a novela poderá conhecer o "princípio do fim" e a venda ser, finalmente, efectuada à empresa na qual trabalha um ex-dirigente do Sporting.
Esta outra “maravilha” foi também apresentada no jornal «A Bola» de 05/11/1999 pela CPU Consultores e ainda não permanece um "sonho"...
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Em suma: foi assim que o "Projecto Roquette" construiu o estádio "sem endividamento", com o "contributo" de muitos "notáveis" e sem "hipotecar o futuro"...
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