quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Jacinto Baptista e António Valdemar também foram na conversa

Esta crónica é dedicada de modo especial ao Fernando Venâncio que vê sempre «coisas pequenas» naquilo que na verdade é uma verdadeira guerra ideológica.
Tenho à minha frente o livro «Repórteres e reportagens de primeira página» de Jacinto Baptista e António Valdemar, uma edição do «Conselho de Imprensa» com data de 1990. Na página 41 deste livro lá está o título chamativo: «O primeiro Sporting-Benfica 1907». Os dois organizadores vão recuperar as notícias publicadas nos jornais «O Século» e «Diário de Notícias» ambos de 2 de Dezembro de 1907. Ao transcreverem a notícia do jornal «O Século» permitem-se fazer aquilo que nunca se faz em história: alterar o conteúdo do documento citado. Onde está escrito «Sport Lisboa» foi acrescentado um parêntesis recto e as palavras «e Benfica». No Diário de Notícias de 2 de Dezembro fizeram o mesmo: citaram a notícia e acrescentaram com um parêntesis recto as palavras «e Benfica». Tudo isto porque o Sport Lisboa e Benfica só foi fundado em Setembro de 1908 e não poderia de modo nenhum ter disputado um derby em 1907. Não existia. O que existe é esta guerra, esta história escrita pelos vencedores. Que leva pessoas como Jacinto Baptista e António Valdemar (cuja honestidade intelectual é intocável) a alterarem, acrescentarem e modificarem com o uso de um parêntesis recto as palavras de um documento histórico que não foi transcrito como devia. Isto é uma guerra ideológica e nós estamos do lado dos vencidos. Mas ninguém nos silencia.

José do Carmo Francisco

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