quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

“Projecto Roquette”: a frente organizacional



Segundo o site oficial do Sporting, esta frente é «caracterizada pelo funcionamento de todo o Clube de forma inovadora, conjugando a dedicação com a profissionalização de acordo com as condições reais, valorizando o presente sem hipotecar o futuro».

Tentemos, pois, desconstruir esta frase recheada de lugares comuns e praticamente vazia de conteúdo com alguns factos.

Desde a altura em que José Roquette era presidente do Sporting, “venderam” aos Sportinguistas a ideia que as opções de escolha seriam ou Roquette (e, mais tarde, os seus “protegidos”) com toda a fiabilidade, segurança, rigor e transparência com que, desde sempre, se apresentou, acompanhado, claro, do seu “Projecto”; ou, por outro lado, o caos dos “aventureiros” (isto é, todos aqueles que não estivessem no primeiro grupo) que iriam, mais uma vez, esquecer toda a contenção e rigor financeiros e agravar o passivo gigantesco do Clube.

E de tal forma o fizeram bem (e tão escaldados estavam os Sportinguistas…) que, em determinadas alturas, as mudanças de presidência do Sporting fizeram-se, tranquila e consensualmente, por cooptação. De Roquette para Dias da Cunha e deste para Soares Franco. Todo este processo de sucessão (diria quase “monárquico”) fez com que os mesmos nomes se mantivessem no Sporting, ainda que alguns num esquema de rotatividade.

Acresce que alguns desses nomes, sob a capa do “profissionalismo” são apoiantes de clubes rivais e, nem assim, conseguiram demonstrar resultados (já lá chegaremos) de forma a podermos dizer que são uma mais valia, do que seriam outros profissionais (como eles) e Sportinguistas (que os há, pois não quero acreditar que eles não existam…). Ou alguém acha que quem está na estrutura do Porto não é Portista?

Quanto ao organigrama do Sporting e das diversas empresas do grupo, esse foi conhecendo várias mudanças. Várias extinções de empresas do grupo, mudanças de competências, reduções de pessoal (despedimento de funcionários antigos, mais concretamente) para “redução de custos”…e por aqui me fico.

A política de imagem do Sporting é nula.

O emblema do Sporting foi alterado unilateralmente, sem qualquer consulta aos sócios em Assembleia Geral, nesta fase do “Projecto Roquette” para “actualizarem-no”, disseram. Para que o Sporting passasse a ser conhecido pelo seu nome e não designado por “Sporting de Lisboa”. Os resultados, na minha opinião, foram quase nulos (já vi nas competições europeias o clube ser designado, p.ex. SC Portugal…) e o emblema passou a figurar nas camisolas (e em muitos outros locais) sem o «SCP» em coroa, como mandam os estatutos, os quais foram, inclusive, objecto de revisão no decurso do “Projecto”.

O jornal é pobre, definha e apenas esperam que atinja o seu “estado terminal” para lhe darem o “golpe de misericórdia” que tanto desejam, ao invés de procurar formas de revitalizar o, hoje em dia, “Jornal” e outrora “Boletim” com padrões, senão ao nível de outras equipas europeias (veja-se os casos de Milan, Juventus, Barcelona, Real Madrid, Chelsa, Manchester United, etc.), pelo menos ao “nível português” com um projecto (jornal ou revista – como o Porto tem hjá muito e o Benfica agora lançou) com a qualidade mínima que um clube como o Sporting deve ter.

O site oficial mantém a “pobreza franciscana” do jornal e é desenvolvido pela mesma empresa que mantém os sites dos clubes rivais, com um estilo em tudo parecido e com um design confuso.

A política de merchandising do Sporting também não prima pela originalidade, pois foi licenciada à mesma firma dos clubes rivais, a qual lança, sem grande esforço, produtos idênticos com “cores” diferentes, não se tentando sequer esboçar uma marca de originalidade. A loja oficial do clube, lançada como sendo a de maior área na Península Ibérica e pomposamente designada por “Fan Lab” (nome sem qualquer ligação ao clube), parece a de um qualquer clube de bairro se comparada com as dos clubes europeus e chega ao ponto de não ter para venda sequer um postal com o plantel desta temporada (e da anterior) como, p.ex., a antiga «Loja Verde» tinha.

A política de angariação de sócios foi nula e só agora começam apelos desgarrados tendo em vista esse objectivo e depois do presidente do Sporting, publicamente e em entrevista, elogiar o presidente do clube rival no trabalho que ele está a fazer. Não compensa, hoje em dia e ao contrário do que chegou a acontecer, alguém fazer-se sócio para praticar uma modalidade no Sporting. Basta comparar os preços. O Sporting perde, assim, uma oportunidade de ouro para poder aglutinar as pessoas do meio onde está envolvido e poder fidelizar as crianças ao Sportinguismo como aconteceu em tempos. Os lugares anuais (Gamebox) ficaram este ano aquém do esperado e, de ano para ano, pouco ou nada foi feito na estratégia de lançamento do produto, com excepção dos anúncios publicitários bem conseguidos.

Foi assim, em suma, que a “frente organizacional” do “Projecto Roquette” estruturou e vitalizou o clube “de forma inovadora”, “valorizando o presente” (quase esquecendo o passado, acrescento eu) e sem “hipotecar o futuro”.
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E quanto a "hipotecar o futuro"...

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