quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é...Sporting



É o nosso fado. Ontem foi mais um capítulo. Há quem lhe chame "azar" ou "morrer na praia". Eu acho que "masoquismo" é mais apropriado.

Isto de andar a formar jogadores para depois perdermos jogos com as equipas que os levam, tem a triste tendência para se tornar num hábito. Acho até que descobri os termos do protocolo firmado com o Manchester. Nós mandamos para lá os nossos jogadores para terem qualidade de "nível mundial" e o Manchester assegura-se que eles nos marcam golos e o Queiróz nunca voltará ao Sporting ou, se, em última instância, voltar, nunca substituirá um defesa esquerdo de forma suicida.

Os dirigentes (e técnicos?) do Sporting conformam-se com o nosso clube ser de "terceira linha" europeia. Eu não.

De facto, quando uma equipa ao intervalo se encontra a perder, mercê de um jogo relaxado, mas tem no banco soluções como Giggs e Tévez, em detrimento de, p.ex., Nani, e na segunda parte aperta e acelera o jogo um pouco, nós trememos, olhamos para o banco e vemos...Adrien, Farnerud, Gladstone, Pereirinha, Paez ou até uma sombra de Vukcevic (acho mesmo que até o Braga tinha melhor banco que nós no último jogo). Face a isto, podemos até encarar a realidade e perceber que somos de "filmes diferentes". Mas não nos devemos conformar.

A nossa política de prospecção de sucesso deve ser alargada ao futebol sénior, para o qual não temos, infelizmente, um "Aurélio Pereira". Se o Sporting tem pouco dinheiro não deve, por isso, ir ao "refugo", mas sim saber aplicá-lo bem. Veja-se a política de contratações do Sevilha (mas não de agora, de há alguns anos atrás) que apostou em desconhecidos mas de valor (p.ex. Daniel Alves) e em jogadores de outros escalões inferiores com qualidade e que colhe agora alguns desses frutos em consequência da competência, labor e paciência de todos, mas em especial de Monchi, ex-guarda-redes do clube e actual director desportivo.

Nós, pelo nosso país (e em especial no Sporting), achamos que é melhor ficar debaixo da árvore à espera que a maçã caia, do que trepá-la para a ir colher. A cultura é a da pouca exigência e a da "vitimização", seja pelo facto de sermos "pobrezinhos" (mas podermos pagar remunerações e prémios principescos aos ditos "gestores profissionais"), seja porque os árbitros nos prejudicam, seja porque foi "azar".

Já sei que os empresários são do piorio e que fulano e beltrano recebem comissões por aquele ou este jogador. Mas mesmo nesta lógica inversa e "tortuosa" andam a matar a galinha dos ovos d'ouro, porque se um jogador for bom e for vendido por mais dinheiro será bom para eles também. Ou estou enganado?

Está, pois, na hora de decidir se queremos continuar com o discurso do desgraçadinho, que não tem dinheiro...para algumas coisas e conformar-mo-nos com o nosso "fadinho", ou se está na hora de arregaçar as mangas, apostar verdadeiramente nos jovens (de cá e não de leste) e contratar jogadores feitos, alguém que colmate essa falta de experiência, e procurar captar mais gente, mais fontes de receita para o nosso clube ou, então, deixarmos quem tem unhas tocar guitarra, esquecer o desígnio do Visconde de Alvalade e deixar de querer ser "tão grande como os maiores da Europa" e limitar-mo-nos a tentar ganhar o campeonato de vez em quando ou uma "tacita" ou outra...

Não chega elogiar nas entrevistas o presidente do clube rival na angariação de sócios que faz e dizer que fulano de tal de um banco espanhol é um autêntico "caixeiro viajante", mas que queremos chegar aos 100 mil sócios, etc. e tal, mesmo dedicando apenas 1 hora ao clube (porque tem uma excelente equipa de apoio, etc. e tal).

Há que pôr pernas ao caminho, trabalhar e fazer por merecer ter mais e melhor.

Ou, então, deixar o lugar para quem o queira fazer...

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