Ele é como a estória da pescada: antes de o ser já o era.
Rui Manuel Trindade Jordão é hoje artista. Pintor. Mas antes de se dedicar à pintura já era artista e pintava dos mais bonitos quadros na “tela” de relva de um hectare.
Movia-se com a graciosidade de uma gazela correndo de uma forma que parecia que fugia de um predador. A diferença é que, no caso, era ele o “predador”.
Formou um dos trios de ataque mais temíveis do Sporting, juntamente com Manuel Fernandes e Oliveira e, apesar de Malcolm Allison ter dito que teve muitas vezes de gerir o “choque” dos egos de Jordão e Oliveira, quando eles estavam em “acção” ninguém se lembrava disso.
Vem isto a propósito do adversário próximo jogo do Sporting, o Porto, e de um jogo que teve lugar numa tarde de sol a 30 de Janeiro de 1983.
O treinador-jogador já era Oliveira que substituíra “Big Mal” e o Sporting começaria nessa época, defendendo o escudo de campeão, uma longa “travessia do deserto”. Mas a magia ainda existia, com o “perfume” africano do futebol da estrela de Benguela.
O FC Porto havia “dado a volta” ao marcador, quando, num centro da direita de Oliveira, Jordão, em posição muito pouco ortodoxa, no ar, à entrada da área e de costas voltadas para a baliza, toca de calcanhar na bola, talvez da única forma possível, fazendo, aos 36 minutos, o empate.
E após este momento sublime, magistral, magnífico, enquanto os locutores da rádio gritavam “É gooooooooolooo do Sporting. Foi Jordão, camisola 11”, no campo Rui Jordão levanta o braço e estica o indicador em direcção ao céu.
Era a assinatura no final de mais uma obra-prima do artista.
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