João Moutinho, no rescaldo do jogo frente ao Blackburn, resolve dizer publicamente que queria sair do clube.
Desde que Moutinho passou a ser representado por Zahavi, que ganhou influência no clube e trouxe para as camadas jovens o seu sobrinho-neto, que comecei a pensar que aquele Moutinho ponderado e discreto, aconselhado pelo pai, poderia dar lugar a um Moutinho-vedeta.
Passado este tempo todo, confesso, que tal ideia se tinha desvanecido e esta declaração apanhou-me de surpresa. Mas dá para fazer diversas reflexões sobre a mesma.
Moutinho põe "em cheque" o presidente do Sporting que diz que o plantel está fechado e que não recebeu propostas por ele e por Veloso, tentando forçar, publicamente, uma situação que não consegue resolver da forma devida - "em casa"!
Começo a perceber também as notícias do "encontro" de Moutinho com Pinto da Costa. Das duas uma: ou foi alguém ligado ao Sporting que atirou para fora a "notícia", por forma a "intoxicar" a "opinião pública leonina" com uma possível ida para o Porto ou, então, o Sporting corre mesmo o risco de ser "apanhado na curva".
Não obstante todas as "boas relações institucionais" que o Sporting vive com o Porto, que lhe permitem fazer negócios como o que aconteceu recentemente com Postiga, todos sabemos que Pinto da Costa, à primeira oportunidade, desfaz (e refaz) "alianças" com maior facilidade com que desfaz (e refaz) as suas relações sentimentais. Liverpool poderá ser um ponto de passagem como Barcelona o foi para Quaresma que, curiosamente, faz agora no Porto o mesmo que Moutinho faz com o Sporting. Com a diferença que não faz declarações públicas...
Moutinho é o capitão do Sporting. Deveria ser o último a dizer o que disse e o primeiro a censurar no balneário quem o fizesse. É assim que se constroem grandes equipas - com liderança e pulso - e é assim que se começam a ganhar (ou perder) campeonatos e títulos. A equipa técnica e directiva não deveria permitir também que estas situações ocorressem, pois podem estragar por completo o espírito de grupo e abrir graves precedentes.
Agora, não chegava as situações pendentes de Stojkovic e Purovic (e uma "bomba relógio" chamada Vukcevic), o Sporting tem ainda de lidar com as declarações daquele que deveria ser a "ponte" entre os jogadores e o treinador e a direcção e com um problema: o que fazer com Moutinho?
Deixar sair? Quem não quer ficar que se vá embora. O clube sobreviveu à perda de figuras bem mais importantes em mais de 100 anos de história. Por outro lado, Moutinho renovou recentemente, tem um contrato melhorado e com diversas cláusulas que lhe permitem sair em determinadas condições ou melhorar ainda mais as suas condições. Estes contratos não devem ser assinados como quem faz promessas em papel molhado, pois o clube cumpre com a sua parte. Ir embora, talvez, mas não a qualquer preço...e não necessariamente o preço da rescisão.
Ficar? Depois destas declarações Moutinho deteriorou a sua imagem. Com que moral envergará a braçadeira de capitão? E Paulo Bento? Com a sua conhecida disciplina férrea, como reagirá a estas declarações?
Merecerá Moutinho continuar no Sporting? E continuando, merecerá continuar a envergar no braço o símbolo de capitão de equipa?
E ainda Blatter diz que os jogadores são "escravos"...
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