terça-feira, 20 de maio de 2008

A varanda de Pilatos


A varanda de Pilatos
(o caso very-light 12 anos depois)

Vinha Rui Mendes em festa
Num bilhete que ele trazia
Uma gente que não presta
Deu-lhe a morte nesse dia
A varanda de Pilatos
É na Praça da Alegria
Visto isso mais os actos
Ninguém faz da noite dia
Ninguém faz a obrigação
Todos fogem dos sarilhos
Há que saber dar a mão
Às mãos frias dos filhos
Ninguém faz o seu dever
Ninguém segue o preceito
As lágrimas duma mulher
Não cabem dentro do peito
Por duas vezes negada
A razão de uma sentença
Eles fingem que não é nada
E dormem na indiferença

Fizeram os jogadores
Das camisolas um leilão
Vieram logo os doutores
À procura duma posição
Como se esta simpatia
Trazida pelos jogadores
Tivesse nascido um dia
Na cabeça dos doutores
Rui já morreu três vezes
Não é uma ideia confusa
Uma viram os portugueses
As outras em cada recusa
Nenhum dinheiro fazia
Um preço da sua vida
Mas na Praça da Alegria
O Zero é regra e medida
E assinam os contratos
No meio duma euforia
A varanda de Pilatos
É na Praça da Alegria

José do Carmo Francisco

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