quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Paulo Bento: (quase) 3 anos de Sporting entre dois ciclos



Paulo Jorge Gomes Bento não é sportinguista desde pequenino. Nunca o escondeu.

Aliás, desde que despontou para o futebol que Paulo Bento faz questão de ser igual ao que era antes de se tornar figura pública. Quem o conhece sabe que a fama não lhe subiu à cabeça e que nesta ostenta sempre o mesmo penteado, tornado, entretanto, célebre como se o tivesse apenas desde que é treinador do Sporting...

Quis o destino, porém, que o seu único título de campeão nacional tivesse sido conquistado no Sporting.

Quis igualmente o destino que Paulo Bento terminasse a sua carreira em 2004, num comovido comunicado à imprensa, onde fez questão de relembrar o seu pai, falecido em vésperas de jogo em Paços de Ferreira, onde fez questão de alinhar.

Mais uma vez o destino (e os dirigentes do Sporting da altura) quiseram que fosse, aos 33 anos, treinador da equipa de juniores do clube e, principalmente, o primeiro e os jogadores da equipa da altura fizeram-no campeão nacional do escalão logo no primeiro ano e em casa do maior rival.

Em 2005/2006, Paulo Bento substituiu José Peseiro, após a demissão deste, estreando-se com um empate a duas bolas em Barcelos a 23/10/2005. No final desse campeonato, no qual pegou o "comboio em andamento", termina em 2º lugar, com mais 5 pontos do que o terceiro e menos 7 do que o primeiro, apenas tendo perdido as esperanças no título a 4 jornadas do fim com a derrota em casa frente ao FC Porto.

O segundo lugar seria igualmente o posto ocupado nas temporadas seguintes, 2006/2007 e 2007/2008, ainda que com percurso diverso, discutindo o título taco-a-taco na primeira época e como "prémio de consolação" na segunda.

Agora que se iniciou a temporada 2008/2009, Paulo Bento arrisca-se a ficar na história do Sporting.

Primeiro, como sendo um dos treinadores com mais jogos disputados pelo clube. Depois, porque esta época o Sporting assumiu frontal e institucionalmente o objectivo de ser campeão que, aliás, tem de ter todas as épocas. Finalmente, porque o Sporting poderá, também esta época, passar a fase de grupos da Liga dos Campeões, consolidando na Europa um processo de recuperação do seu estatuto, que tem vindo a ser solidificado em Portugal pela mão de Paulo Bento e ao qual apenas falta (depois de duas conquistas seguidas da Taça de Portugal e da Supertaça) o título de campeão nacional.

Para alcançar tal desiderato, o Sporting já conquistou a Supertaça ao FC Porto, fez uma exibição convincente em grande parte do jogo da 1ª jornada e defendeu com unhas e dentes uma vantagem madrugadora alcançada na sempre difícil deslocação a Braga, conquistando 3 pontos num daqueles jogos em que eles se tornam (ainda mais) importantes - aqueles em que não se joga bem. Pelo meio, o desaire em encontro particular em Madrid que, espera-se, tenha servido de alerta para a forma como alguns jogadores encaram certos jogos...

Ontem, em entrevista à SIC Notícias, Paulo Bento esteve, mais uma vez, igual a si próprio. Demonstrando que o grupo está acima das individualidades e que caminha para o final de um ciclo (no qual termina igualmente o seu contrato), mas, sobretudo, assumindo o seu pragmatismo e simplicidade habituais.

O seu percurso, até agora, teve, como é natural, os seus altos e baixos. Momentos melhores e outros menos bons. Mas, goste-se ou não de Paulo Bento ou da forma como exerce o seu trabalho, numa coisa todos têm de concordar: Paulo Bento é um homem reconhecido ao clube que lhe deu a oportunidade de ser campeão enquanto jogador e, sobretudo, de abraçar uma carreira que tanto desejava de uma forma muito rápida, mas conferindo-lhe estabilidade e confiança.

Paulo Bento poderá não ter chegado sportinguista, mas sairá de Alvalade com um lugar na sua história e certamente com o Sporting no coração.

Que comece da melhor forma o próximo ciclo que se inicia em Nou Camp no próximo dia 16.

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