quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Com frontalidade!

O jogo decorria morno em Vila do Conde, a competição ainda não é daquelas que tem tradições no futebol português. Até que ao minuto 89, Vukcevic em nítido fora-de-jogo decide a partida. O Sporting soma os necessários 3 pontos para passar à fase seguinte da prova.
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Perante a comunicação social e quando foi questionado sobre o golo, Paulo Bento não teve problemas em dizer que tinha sido ilegal. Com frontalidade… e tranquilidade.
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Eu sei que este foi um fora-de-jogo enorme que só o trio de arbitragem não quis ver. Mas também sei que é comum no futebol português quando acontece uma jogada duvidosa que beneficia a nossa equipa, dizer “estava no lado contrário onde se desenrolou a jogada, não vi”. Dizem isto jogadores, treinadores e dirigentes. É vulgar, e comum. Infelizmente. Pois se a até o Nilson, do V. Guimarães nem viu a bola entrar na sua baliza…
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No entanto essas mesmas pessoas conseguem quando se sentem prejudicadas, mesmo estando no lado contrário onde se desenrolou a jogada, descortinar foras-de-jogo e penalties e protestam ferozmente. Maneiras de estar!
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Paulo Bento pode ter muitos defeitos, não duvido, mas é uma pessoa frontal e com carácter e assumiu o óbvio não se escudando em desculpas esfarrapadas.
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Não vi, nem ouvi ninguém do Benfica ter dito que o golo frente ao Sp.Braga tinha sido irregular e que tinham sido beneficiados ao não lhe terem sido assinalados duas penalidades.
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Mas quando foram prejudicados frente ao Nacional, Pedro Henriques foi trucidado, devastado e completamente esmagado com a ajuda também da comunicação social, principalmente do seu órgão oficial diário que escreveu diariamente páginas e páginas de indignação. Foi sempre “ a malhar” no árbitro. Contra o Braga, silêncio. A aliança luso-espanhola da Luz não se manifestou.
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São diferentes as pessoas, é diferente a sua maneira de estar na vida, o seu carácter, a sua integridade. Não somos todos iguais.
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Quero aqui expressar o meu louvor a Paulo Bento foi honesto, num país cada vez mais de mentirosos, foi frontal, num país cada vez mais de hipócritas e cínicos.
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Ao ouvir Paulo Bento, lembrei-me de um jogo há muitos anos atrás no Estádio das Antas, noite de nevoeiro, o árbitro foi Alder Dante, no meio do nevoeiro uma bola que tinha sido rematada ao lado da baliza de Vitor Damas apareceu por obra e graça de um apanha-bolas dentro da mesma. Alder Dante validou o golo. O Sporting acabou por ganhar 3-2.
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No jornal A Bola do dia seguinte, António Oliveira jogador do FC Porto disse as seguintes palavras que nunca mais esqueci: ”Deus escreveu direito por linhas tortas”.

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